GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 14 ed. Rio de Janeiro: F6V, 1988.
Por: Vanessa Severino Bardini. Aluna de Graduação de Letras Português Inglês da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP-CP)
Por: Vanessa Severino Bardini. Aluna de Graduação de Letras Português Inglês da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP-CP)
O desenvolvimento um parágrafo depende do progresso da idéia central, isto é, de seu encaminhamento. O emprego de um parágrafo é muito variado visto que, há diversas formas de expor uma temática, “conforme a natureza do assunto e a finalidade da exposição” (p.214), mas, que só fazem sentido se as ideias forem acertadamente fundamentadas, ou seja, bem “amarradas” para que haja sentido no conjunto textual.
Deste modo, o autor de um dado texto, deve dispor de recursos para que consiga alicerçar seus argumentos, tais como: “enumeração de detalhes, comparações, analogias, contrastes, aplicação de um principio, regra ou teoria, definições precisas, exemplos, ilustrações, apelo ao testemunho autorizado, e outros” (p.214).
Assim, o parágrafo em seu desenvolvimento pode se estruturar em diversos “modelos” (p.214), ou feições, isto conforme o encadeamento do assunto ou a maneira de sua apresentação, sendo então caminhos para o desenvolvimento textual.Como um dos modelos comuns de desenvolvimento de parágrafos a enumeração ou descrição de detalhes caracteriza-se “como um dos mais comuns” (p.214). Ocorre quando o tópico se encontra expresso no texto de maneira clara. Exemplos desse recurso podem ser notados primeiramente em um trecho de um texto (não especificado) do autor Aluísio Azevedo, um parágrafo descritivo que expressa a idéia central, tópico frasal de “um dia abafadiço e aborrecido” (p.214) que é desenvolvida, “especificada através de seus pormenores” e em outro trecho de um texto de Clóvis Monteiro, o qual aborda a temática “a arte é tudo que pode causar uma emoção estética” (p.215), e a partir de certos detalhes como “fazendo pensar em coisas vagas e transparentes” (p.215) o autor consegue explorar a temática e, por conseguinte desenvolver o entorno textual.
Outro modo de desenvolvimento de parágrafos pode ser instituído por confronto, um processo que consiste em “estabelecer confronto entre as ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos” (p.215), isto é, que contrasta diferenças entre dois objetos. Esse recurso se constitui nas formas de contraste, paralelo, antítese e analogia. O contraste compõe-se de uma oposição entre coisas ou pessoas, “baseando-se nas dessemelhanças” (p.215).
Já o paralelo se estabelece em formas análogas “assentando-se nas semelhanças” (p.215). Como exemplo dessas duas formas A.F. de Castilho em um trecho de sua obra estabelece contraste e paralelo entre dois personagens Vieira e Bernardes, apresentando seu parágrafo “sem tópico frasal explícito” (p.216) centrando-se no confronto entre suas personalidades distintas e em suas similaridades.
Outro recurso, a antítese é a oposição entre termos ou proposições “isoladas” (p.215), isto é, consiste na aproximação entre termos opostos. Um exemplo de antítese pode se visto em um trecho de uma obra de Rui Barbosa na qual se discursa sobre “política e politicalha”, procurando o autor estabelece diferenças entre os dois termos, comparando seus significados e ressaltando seu “antagonismo” (p.215).
E por fim a analogia que “baseia-se na semelhança entre ideias e coisas procurando explicar o desconhecido pelo conhecido” (p.215), ou seja, busca estabelecer semelhanças, mesmo que “imaginarias” (p.216) entre dois elementos distintos. A analogia, embora diferente da comparação, que se caracteriza como um fenômeno em que “as semelhanças são reais, sensíveis e expressas numa forma verbal própria” (p.216), se utiliza de seus recursos didáticos, para tentar explicar formas que são abstratas. Exemplos desse recurso podem ser vistos em um trecho da obra de Oswaldo Frota Pessoa “Iniciação à ciência”, na qual o autor tenta explicar por meio de analogia o que é o sol, estabelecendo pontos comuns com “uma enorme bola incandescente”, e em um trecho de Rui Barbosa no qual o autor estabelece uma relação analógica entre “paixão da verdade” e entre “cachoeiras da serra”, se utilizando para isso de elementos de comparação para que o termo se torne claro.
Além destes recursos o parágrafo também pode ser iniciado por explanação de exemplos, “um processo que consiste em duas feições, uma exclusivamente didática e outra literária” (p.218). A afeição didática se caracteriza como “uma espécie de comprovante ou elucidante” (219), isto é, uma definição com sentido denotativo com base em comprovações cientificas, “um processo eminentemente didático” (p.219) o qual assume formas gramaticais típicas (como; por exemplo).
Exemplo dessa feição pode ser notado em um trecho da obra “Português no Colégio” de Rocha Lima, que define o que é analogia, fundamentando o fenômeno com embasamento em teorias de estudos lingüísticos. Já a afeição literária se caracteriza como uma sucessão de ideias que não “apresenta introdução de partículas ou expressões próprias para desenvolver o parágrafo” (p.219) elementos que ajudam na compreensão do texto.
Como ilustração desse recurso, salienta-se um trecho da obra “Historia do Brasil” de João Ribeiro no qual o tópico frasal se desenvolve por meio de uma sucessão de ideias sem que sejam apresentadas expressões. O recurso de explanação de exemplos pode às vezes se confundir com a enumeração de detalhes. A enumeração de detalhes define-se como uma exposição minuciosa de fatos particulares. Um exemplo disso pode ser notado em um trecho de um livro de Eça de Queiroz, o qual se ressalta uma característica de um personagem Antero de Quental, “evocando sua virilidade física” (p.220) por meio da enumeração de detalhes. Em alguns momentos, a enumeração de exemplos “não serve para esclarecer, mas de provar uma declaração teórica ou opinião pessoal” (p.220), isto é, busca tornar evidente uma fundamentação científica.
Como outras formas de desenvolvimento de parágrafos a Causação e a razão, compreendem processos comuns de desenvolvimento ou explanação de ideias, isto em vista “da curiosidade inata do ser humano” frente a seu mundo, que o conduz “a querer saber sempre a causa ou o motivo de tudo que o cerca” (p.222). Ambos são fenômenos entendidos muitas vezes como análogos, ou seja, semelhantes e são utilizados de maneira indiscriminada em muitas situações de interação. Porém diferentemente desta concepção são compreendidos como fenômenos distintos em sua significação, visto que, “os fatos ou fenômenos físicos têm causa; os atos ou atitudes praticados pelo homem têm razões (...) e os primeiros têm efeitos, e os segundos conseqüências” (p.221), logo, é preciso que sejam observados os usos dos dois termos para que não haja confusão.
O desenvolvimento de parágrafo por apresentação de razões, se caracteriza como “extremamente comum” (p.222), visto que, os motivos e as justificativas que estabelecem a explicação de determinadas ideias são apresentadas de formas variadas, porém que muitas vezes “nem todas explicitamente introduzidas por partículas explicativas ou causais” (p.222), podendo deste modo confundir-se com detalhes ou também com exemplos. Exemplos dessa forma de desenvolvimento podem ser vistos em um trecho extraído de um trabalho de um aluno, no qual as razões são indicadas de modo claro e explicitadas com uso de conectivos a partir do tópico frasal “o trabalho é uma necessidade” e em um trecho da obra “Fala, amendoeira” de Carlos Drummond de Andrade que apresenta “uma série de razões ou explicações para a sua declaração inicial” (p.222) indicada pelo tópico frasal “um penar jubiloso” que se fundamenta em dois motivos que o acompanham “é sina de minha amiga penar pela sorte do próximo porque todo o sofrimento a preocupa (...) é porque não distingue gente de bicho”. O autor além de indicar as razões faz a indicação das conseqüências “os problemas aparecem-lhe em cardume e parece que a escolhem de preferência a outras criaturas” e “ do penar da amiga do poeta pela sorte do próximo” (p.223).
Muitas vezes o desenvolvimento de parágrafo por apresentação de razões confunde-se com pormenores descritivos, “fato que facilmente se explica” (p.223). Como exemplo, se uma declaração a respeito de algo ou alguém é feita, é necessário que esta tenha uma justificativa, que seja fundamentada para merecer credibilidade. Outro exemplo disto parte de um trecho da obra “Prelúdio à evolução” de Frederico Schmidt, que conduz sua idéia de comprovar que o Rio de janeiro apesar de ter deixado de ser a capital do país oficialmente há muito tempo, ainda é a capital do Brasil, utilizando para isso no intuito de convencer de pormenores descritivos que realçam o texto.
A progressão do parágrafo por razões é eminentemente absorta no processo argumentativo, visto que, sua finalidade é a transmissão, fundamentação e explicação de ideias, mas principalmente convencer ou persuadir (p.224). Entende-se que “só convencemos ou persuadimos quando apresentamos razões” (p.224), isto é, compreende-se que somente fatos concretos provam a existência de algo, logo “se os fatos provam, as razões convencem” (p.224). Exemplo disso pode ser demonstrado em um folheto de propaganda (p.224) que se limitando a descrever o funcionamento de uma enceradeira “fazendo uso apenas de uma explanação ou descrição” (p.224), não convence, pois, não possui argumentação visto que as vantagens do produto não são expostas, portanto esse produto passa a convencer a partir da demonstração de seus benefícios.
O desenvolvimento de parágrafo por apresentação de causa e efeito também se caracteriza como uma forma comum, que se identifica por partículas próprias (por causa de, devido a, porque), mas que diferentemente do desenvolvimento por apresentação de razões se refere “a fatos ou a fenômenos físicos”, embasando-se em critérios de ordem cientifica, histórica e social. Exemplos disso podem ser notados primeiramente em trechos do livro “física” dos Irmãos Maristas que explicam fenômenos físicos como “Pressão nos líquidos” e “combustão da pólvora”, expondo as formas diversas de apresentação de causa e efeito, isto é, do organizando no entorno efeito “a pressão exercida sobre um corpo sólido transmite-se desigualmente” (p.224”) para a causa “forte coesão que dá ao sólido sua rigidez” (p.224) ou também da “causa “combustão da pólvora” para o efeito “a subida do foguete” (p.225). Também como exemplo dessa forma de desenvolvimento J. Nabuco em um trecho do livro “Minha formação” faz a apresentação do efeito “a abolição da escravatura” e enumera em seguida as causas que culminaram em tal acontecimento a partir da fundamentação do objeto a partir de acontecimentos históricos e sociais.
De uso freqüente por escritores, o desenvolvimento de parágrafo por divisão ou explanação de ideias em cadeia consiste em enunciar a idéia núcleo para depois segmentá-la “em duas ou mais partes” (p.226), podendo estar constituída em um mesmo parágrafo ou em diferentes, isto estando de acordo com “a complexidade e a extensão do assunto” (p.226), deste modo lança ênfase sobre cada parte da ideia núcleo. Isto pode ser notado nos exemplos de trechos do livro “Estética literária” de Alceu Amoroso Lima que aplica o critério da divisão de ideias núcleo em diferentes partes, “definindo-as sucessiva e sucintamente” (p.226) no mesmo parágrafo. O autor em um primeiro trecho enuncia o tópico frasal “vocação literário” para em seguida dividi-lo em novos critérios: lirismo, epopéia e crítica tecendo considerações e fundamentando cada parte no decorrer textual. Em um parágrafo seguinte do mesmo texto o autor limita-se a ideia núcleo “condições susceptíveis de influir sobre a literatura” (p.226) “que cuja complexidade justifica venha a ser desenvolvida em outros parágrafos” (p.226). É muito comum em explicações alongadas se expor a idéia núcleo em um parágrafo isolado, pois isto permite uma melhor compreensão dos tópicos a serem desenvolvidos, visto que o uso excessivo de informações pode prejudicar a clareza textual e também “impede que seja atribuída relevância sobre outras ideias decorrentes da principal” (p.227).
Da mesma forma para dar “relevância a fatos, exemplos e razões” que se desenvolvem no eixo da ideia principal (p.227) é necessário que lhes sejam destinados parágrafos exclusivos. Assim, o desenvolvimento por explanação de ideias se constitui um “meio muito eficaz” (p.228), já que fundamenta seu raciocínio “em cadeia” (p.228), no qual as ideias vão se desenvolvendo como se fossem “uma espiral” (p.228), que se aprofunda e se alarga conforme o progresso das concepções desenvolvidas, sendo então um processo eminentemente composto por uso de detalhes, fatos, exemplos e razões.
E por fim, o parágrafo se desenvolve por definição. É um processo que pode envolver outros detalhes para a sua composição, como a descrição de detalhes, apresentação de exemplos e principalmente, confrontos ou paralelos (que é freqüente na exposição didática). Também de modo freqüente, a definição desempenha a função de justificativa, “constitui uma razão da declaração expressa no tópico frasal”. Certamente esses são os processos mais comuns de desenvolvimento de parágrafo, porém não são únicos, visto que há talvez outras formas “difíceis de distinguir e de classificar” (p.229).
O desenvolvimento de parágrafos segundo Othon M. Garcia é um importante instrumento didático, visto que é um elemento necessário para a construção textual, que se encontra inserido especialmente na esfera do ambiente escolar, logo apreender suas diferentes feições é fundamental para desenvolver diversos tipos de textos.
Compreende-se que a realidade da sala de aula muitas vezes não permite que um trabalho seja desenvolvido, mas pode o professor tomar “espécies de composições em miniatura” para desenvolver tal trabalho, já que “aprende-se a fazer vendo como se faz (p.230), resultando dessa forma em um compreensão das formas do parágrafo.
Deste modo, o autor de um dado texto, deve dispor de recursos para que consiga alicerçar seus argumentos, tais como: “enumeração de detalhes, comparações, analogias, contrastes, aplicação de um principio, regra ou teoria, definições precisas, exemplos, ilustrações, apelo ao testemunho autorizado, e outros” (p.214).
Assim, o parágrafo em seu desenvolvimento pode se estruturar em diversos “modelos” (p.214), ou feições, isto conforme o encadeamento do assunto ou a maneira de sua apresentação, sendo então caminhos para o desenvolvimento textual.Como um dos modelos comuns de desenvolvimento de parágrafos a enumeração ou descrição de detalhes caracteriza-se “como um dos mais comuns” (p.214). Ocorre quando o tópico se encontra expresso no texto de maneira clara. Exemplos desse recurso podem ser notados primeiramente em um trecho de um texto (não especificado) do autor Aluísio Azevedo, um parágrafo descritivo que expressa a idéia central, tópico frasal de “um dia abafadiço e aborrecido” (p.214) que é desenvolvida, “especificada através de seus pormenores” e em outro trecho de um texto de Clóvis Monteiro, o qual aborda a temática “a arte é tudo que pode causar uma emoção estética” (p.215), e a partir de certos detalhes como “fazendo pensar em coisas vagas e transparentes” (p.215) o autor consegue explorar a temática e, por conseguinte desenvolver o entorno textual.
Outro modo de desenvolvimento de parágrafos pode ser instituído por confronto, um processo que consiste em “estabelecer confronto entre as ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos” (p.215), isto é, que contrasta diferenças entre dois objetos. Esse recurso se constitui nas formas de contraste, paralelo, antítese e analogia. O contraste compõe-se de uma oposição entre coisas ou pessoas, “baseando-se nas dessemelhanças” (p.215).
Já o paralelo se estabelece em formas análogas “assentando-se nas semelhanças” (p.215). Como exemplo dessas duas formas A.F. de Castilho em um trecho de sua obra estabelece contraste e paralelo entre dois personagens Vieira e Bernardes, apresentando seu parágrafo “sem tópico frasal explícito” (p.216) centrando-se no confronto entre suas personalidades distintas e em suas similaridades.
Outro recurso, a antítese é a oposição entre termos ou proposições “isoladas” (p.215), isto é, consiste na aproximação entre termos opostos. Um exemplo de antítese pode se visto em um trecho de uma obra de Rui Barbosa na qual se discursa sobre “política e politicalha”, procurando o autor estabelece diferenças entre os dois termos, comparando seus significados e ressaltando seu “antagonismo” (p.215).
E por fim a analogia que “baseia-se na semelhança entre ideias e coisas procurando explicar o desconhecido pelo conhecido” (p.215), ou seja, busca estabelecer semelhanças, mesmo que “imaginarias” (p.216) entre dois elementos distintos. A analogia, embora diferente da comparação, que se caracteriza como um fenômeno em que “as semelhanças são reais, sensíveis e expressas numa forma verbal própria” (p.216), se utiliza de seus recursos didáticos, para tentar explicar formas que são abstratas. Exemplos desse recurso podem ser vistos em um trecho da obra de Oswaldo Frota Pessoa “Iniciação à ciência”, na qual o autor tenta explicar por meio de analogia o que é o sol, estabelecendo pontos comuns com “uma enorme bola incandescente”, e em um trecho de Rui Barbosa no qual o autor estabelece uma relação analógica entre “paixão da verdade” e entre “cachoeiras da serra”, se utilizando para isso de elementos de comparação para que o termo se torne claro.
Além destes recursos o parágrafo também pode ser iniciado por explanação de exemplos, “um processo que consiste em duas feições, uma exclusivamente didática e outra literária” (p.218). A afeição didática se caracteriza como “uma espécie de comprovante ou elucidante” (219), isto é, uma definição com sentido denotativo com base em comprovações cientificas, “um processo eminentemente didático” (p.219) o qual assume formas gramaticais típicas (como; por exemplo).
Exemplo dessa feição pode ser notado em um trecho da obra “Português no Colégio” de Rocha Lima, que define o que é analogia, fundamentando o fenômeno com embasamento em teorias de estudos lingüísticos. Já a afeição literária se caracteriza como uma sucessão de ideias que não “apresenta introdução de partículas ou expressões próprias para desenvolver o parágrafo” (p.219) elementos que ajudam na compreensão do texto.
Como ilustração desse recurso, salienta-se um trecho da obra “Historia do Brasil” de João Ribeiro no qual o tópico frasal se desenvolve por meio de uma sucessão de ideias sem que sejam apresentadas expressões. O recurso de explanação de exemplos pode às vezes se confundir com a enumeração de detalhes. A enumeração de detalhes define-se como uma exposição minuciosa de fatos particulares. Um exemplo disso pode ser notado em um trecho de um livro de Eça de Queiroz, o qual se ressalta uma característica de um personagem Antero de Quental, “evocando sua virilidade física” (p.220) por meio da enumeração de detalhes. Em alguns momentos, a enumeração de exemplos “não serve para esclarecer, mas de provar uma declaração teórica ou opinião pessoal” (p.220), isto é, busca tornar evidente uma fundamentação científica.
Como outras formas de desenvolvimento de parágrafos a Causação e a razão, compreendem processos comuns de desenvolvimento ou explanação de ideias, isto em vista “da curiosidade inata do ser humano” frente a seu mundo, que o conduz “a querer saber sempre a causa ou o motivo de tudo que o cerca” (p.222). Ambos são fenômenos entendidos muitas vezes como análogos, ou seja, semelhantes e são utilizados de maneira indiscriminada em muitas situações de interação. Porém diferentemente desta concepção são compreendidos como fenômenos distintos em sua significação, visto que, “os fatos ou fenômenos físicos têm causa; os atos ou atitudes praticados pelo homem têm razões (...) e os primeiros têm efeitos, e os segundos conseqüências” (p.221), logo, é preciso que sejam observados os usos dos dois termos para que não haja confusão.
O desenvolvimento de parágrafo por apresentação de razões, se caracteriza como “extremamente comum” (p.222), visto que, os motivos e as justificativas que estabelecem a explicação de determinadas ideias são apresentadas de formas variadas, porém que muitas vezes “nem todas explicitamente introduzidas por partículas explicativas ou causais” (p.222), podendo deste modo confundir-se com detalhes ou também com exemplos. Exemplos dessa forma de desenvolvimento podem ser vistos em um trecho extraído de um trabalho de um aluno, no qual as razões são indicadas de modo claro e explicitadas com uso de conectivos a partir do tópico frasal “o trabalho é uma necessidade” e em um trecho da obra “Fala, amendoeira” de Carlos Drummond de Andrade que apresenta “uma série de razões ou explicações para a sua declaração inicial” (p.222) indicada pelo tópico frasal “um penar jubiloso” que se fundamenta em dois motivos que o acompanham “é sina de minha amiga penar pela sorte do próximo porque todo o sofrimento a preocupa (...) é porque não distingue gente de bicho”. O autor além de indicar as razões faz a indicação das conseqüências “os problemas aparecem-lhe em cardume e parece que a escolhem de preferência a outras criaturas” e “ do penar da amiga do poeta pela sorte do próximo” (p.223).
Muitas vezes o desenvolvimento de parágrafo por apresentação de razões confunde-se com pormenores descritivos, “fato que facilmente se explica” (p.223). Como exemplo, se uma declaração a respeito de algo ou alguém é feita, é necessário que esta tenha uma justificativa, que seja fundamentada para merecer credibilidade. Outro exemplo disto parte de um trecho da obra “Prelúdio à evolução” de Frederico Schmidt, que conduz sua idéia de comprovar que o Rio de janeiro apesar de ter deixado de ser a capital do país oficialmente há muito tempo, ainda é a capital do Brasil, utilizando para isso no intuito de convencer de pormenores descritivos que realçam o texto.
A progressão do parágrafo por razões é eminentemente absorta no processo argumentativo, visto que, sua finalidade é a transmissão, fundamentação e explicação de ideias, mas principalmente convencer ou persuadir (p.224). Entende-se que “só convencemos ou persuadimos quando apresentamos razões” (p.224), isto é, compreende-se que somente fatos concretos provam a existência de algo, logo “se os fatos provam, as razões convencem” (p.224). Exemplo disso pode ser demonstrado em um folheto de propaganda (p.224) que se limitando a descrever o funcionamento de uma enceradeira “fazendo uso apenas de uma explanação ou descrição” (p.224), não convence, pois, não possui argumentação visto que as vantagens do produto não são expostas, portanto esse produto passa a convencer a partir da demonstração de seus benefícios.
O desenvolvimento de parágrafo por apresentação de causa e efeito também se caracteriza como uma forma comum, que se identifica por partículas próprias (por causa de, devido a, porque), mas que diferentemente do desenvolvimento por apresentação de razões se refere “a fatos ou a fenômenos físicos”, embasando-se em critérios de ordem cientifica, histórica e social. Exemplos disso podem ser notados primeiramente em trechos do livro “física” dos Irmãos Maristas que explicam fenômenos físicos como “Pressão nos líquidos” e “combustão da pólvora”, expondo as formas diversas de apresentação de causa e efeito, isto é, do organizando no entorno efeito “a pressão exercida sobre um corpo sólido transmite-se desigualmente” (p.224”) para a causa “forte coesão que dá ao sólido sua rigidez” (p.224) ou também da “causa “combustão da pólvora” para o efeito “a subida do foguete” (p.225). Também como exemplo dessa forma de desenvolvimento J. Nabuco em um trecho do livro “Minha formação” faz a apresentação do efeito “a abolição da escravatura” e enumera em seguida as causas que culminaram em tal acontecimento a partir da fundamentação do objeto a partir de acontecimentos históricos e sociais.
De uso freqüente por escritores, o desenvolvimento de parágrafo por divisão ou explanação de ideias em cadeia consiste em enunciar a idéia núcleo para depois segmentá-la “em duas ou mais partes” (p.226), podendo estar constituída em um mesmo parágrafo ou em diferentes, isto estando de acordo com “a complexidade e a extensão do assunto” (p.226), deste modo lança ênfase sobre cada parte da ideia núcleo. Isto pode ser notado nos exemplos de trechos do livro “Estética literária” de Alceu Amoroso Lima que aplica o critério da divisão de ideias núcleo em diferentes partes, “definindo-as sucessiva e sucintamente” (p.226) no mesmo parágrafo. O autor em um primeiro trecho enuncia o tópico frasal “vocação literário” para em seguida dividi-lo em novos critérios: lirismo, epopéia e crítica tecendo considerações e fundamentando cada parte no decorrer textual. Em um parágrafo seguinte do mesmo texto o autor limita-se a ideia núcleo “condições susceptíveis de influir sobre a literatura” (p.226) “que cuja complexidade justifica venha a ser desenvolvida em outros parágrafos” (p.226). É muito comum em explicações alongadas se expor a idéia núcleo em um parágrafo isolado, pois isto permite uma melhor compreensão dos tópicos a serem desenvolvidos, visto que o uso excessivo de informações pode prejudicar a clareza textual e também “impede que seja atribuída relevância sobre outras ideias decorrentes da principal” (p.227).
Da mesma forma para dar “relevância a fatos, exemplos e razões” que se desenvolvem no eixo da ideia principal (p.227) é necessário que lhes sejam destinados parágrafos exclusivos. Assim, o desenvolvimento por explanação de ideias se constitui um “meio muito eficaz” (p.228), já que fundamenta seu raciocínio “em cadeia” (p.228), no qual as ideias vão se desenvolvendo como se fossem “uma espiral” (p.228), que se aprofunda e se alarga conforme o progresso das concepções desenvolvidas, sendo então um processo eminentemente composto por uso de detalhes, fatos, exemplos e razões.
E por fim, o parágrafo se desenvolve por definição. É um processo que pode envolver outros detalhes para a sua composição, como a descrição de detalhes, apresentação de exemplos e principalmente, confrontos ou paralelos (que é freqüente na exposição didática). Também de modo freqüente, a definição desempenha a função de justificativa, “constitui uma razão da declaração expressa no tópico frasal”. Certamente esses são os processos mais comuns de desenvolvimento de parágrafo, porém não são únicos, visto que há talvez outras formas “difíceis de distinguir e de classificar” (p.229).
O desenvolvimento de parágrafos segundo Othon M. Garcia é um importante instrumento didático, visto que é um elemento necessário para a construção textual, que se encontra inserido especialmente na esfera do ambiente escolar, logo apreender suas diferentes feições é fundamental para desenvolver diversos tipos de textos.
Compreende-se que a realidade da sala de aula muitas vezes não permite que um trabalho seja desenvolvido, mas pode o professor tomar “espécies de composições em miniatura” para desenvolver tal trabalho, já que “aprende-se a fazer vendo como se faz (p.230), resultando dessa forma em um compreensão das formas do parágrafo.
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