quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Resumo: O conhecimento prévio na leitura

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor, aspectos cognitivos da leitura. Campinas. Pontes. 1989

Por: Vanessa Severino Bardini. Aluna de Graduação de Letras Português Inglês da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP-CP)

          No processo de compreensão textual, o leitor de um dado texto necessita recorrer a conhecimentos anteriores para atribuir-lhe sentido. Assim o leitor necessita utilizar-se de conhecimentos prévios acumulados em interação com conhecimentos de nível lingüístico, textual e de mundo para que o sentido seja constituído.
            Ângela Kleiman (1989. p.15.27) em “O conhecimento prévio na leitura” destaca a importância dos conhecimentos preliminares na compreensão textual, entendendo que a leitura “é considerada um processo interativo”. Assim, discute a importância desses conhecimentos que se manifestam no percurso da leitura, apresentando inicialmente o conhecimento lingüístico.
            O conhecimento lingüístico “é aquele conhecimento implícito” (KLEIMAN 1989. p13) relativo aos mecanismos de funcionamento da língua. Abrange os conhecimentos de cunho gramatical, lexical e semântico. 
Compreende-se que se o leitor não tiver conhecimentos do arranjo lingüístico presentes em um texto não conseguirá fazer inferências entre seus conhecimentos e textos que lhe são expostos.
 Para elucidar a necessidade desse tipo de conhecimento a autora cita como exemplo um trecho de um texto (The analysis of myths), cujo discurso encontra-se em língua inglesa.
Conforme afirma a autora, “o conhecimento lingüístico do leitor fica comprometido”, logo que o trecho se encontra distanciado do leitor devido ser manifesto em uma outra língua. Fará sentido esse tipo de texto se o leitor tiver conhecimentos prévios dessa estrutura lingüística dominando-a.
A autora valendo-se do mesmo exemplo substitui o léxico do inglês para o português, indicando que embora esteja escrito em língua materna, muitos dos termos expressos no texto podem dificultar a compreensão, pois “trazem problemas de ordem lingüística a um texto” (KLEIMAN 1989. p p.14) à vista que podem não ser compreendidos certos usos/ conceitos do léxico.
O conhecimento lingüístico se faz fundamental no “processamento do texto” (KLEIMAN 1989. p14) visto que possibilita que sejam agrupadas e classificadas de forma “significativa” (KLEIMAN 1989. p15) as unidades distintas da língua (formas mínimas)  em textos.
Kleiman elucida o processamento textual procedendo em um primeiro momento de um excerto de um artigo de Perini (KLEIMAN 1989 apud PERINI, M. A. “Tópicos discursivos e a legibilidade dos textos”. P. 15) que aborda os agrupamentos dos tempos verbais. Em seguida, a autora prossegue com outro exemplo, retirado de um exame de vestibular, que discute a questão de uso de um adjetivo (“inexistente”), que apresenta certa dubiedade quanto a seu uso. Assim, são necessários que sejam mobilizados outros tipos de conhecimentos para que o sentido seja conferido a um texto.
            Continuando com a sua exposição, a autora aborda a questão do conhecimento textual, ou “conjunto de noções e conceitos sobre o texto” (KLEIMAN 1989. p.16).
             O conhecimento textual se constitui de tipos de textos (narração, descrição, injunção, exposição, etc.) e de formas discursivas referentes às estruturas lingüísticas amparadas em conhecimentos extralingüísticos de mundo para a sua elaboração. Para explicar com maior aprofundamento a noção de conhecimento textual, a autora parte de um artigo retirado do jornal “O Estado de São Paulo” referente ao lançamento do livro de Ruth Rocha “O rei que não sabia de nada”, explicitando e contrapondo as estruturas textual-discursivas (narração, exposição e descrição) presentes no texto.
            Principiando do eixo narrativo presente no texto, observa-se que a narrativa em sua essência é uma estrutura textual marcada por uma situação (enredo) que imbrica em si diversos elementos para a sua constituição.Possui uma sequenciação cronológica (ligada à noção de temporalidade – presente, passado e futuro), estrutura-se em torno de personagens, “agentes da ação” (KLEIMAN 1989 p 17) que se encontram ambientados em um meio físico “pano de fundo” (KLEIMAN 1989 p 17) no qual os fatos se constituem.
            Consoante a narrativa, em seguida a autora expõe a estrutura expositiva, cujo foco distância do caráter narrativo que se volta para uma ordenação temporal e espacial, centra a sua ênfase em temáticas, ou seja, “nas idéias e não nas ações” (KLEIMAN 1989 p 17) em uma tese, ideia central.
            E por fim, a autora foca-se na estrutura textual descritiva, que “se opõe geralmente à narrativa” (KLEIMAN 1989 p 18), visto que a descrição tem por fim produzir uma imagem significativa ao seu leitor, e para concretizá-lo utiliza-se de qualificadores. A tipologia descritiva frente a outras tipologias não é uma forma independente, ela faz parte do texto narrativo, (embora com algumas exceções quando estiver presente em bulas e em manuais técnicos), na medida em que um “objeto deva ser particularizado ou qualificado” (KLEIMAN 1989 p 19).É destacável a importância dos conhecimentos lingüísticos e textuais para a compreensão das práticas de leitura. Todavia, esses conhecimentos em muitas situações não suprem as necessidades, devendo o leitor buscar complementação em conhecimentos adquiridos anteriormente em suas práticas de interação. Deste modo, a compreensão só se efetiva através do conhecimento de mundo ou conhecimento enciclopédico (definindo-se por acontecimentos/conhecimentos passados e atuais que se manifestam na sociedade e no individuo – contexto sociosubjetivo).
            Para tornar compreensível a aplicação desse conhecimento quando inserido em práticas de leitura, a autora vale-se de um texto (“Effect of comprehension on retention of prose”. KLEIMAN 1989 p.21) que trata a respeito da descoberta da América por Colombo, que cujas ideias se manifestam distorcidas frente a um leitor que não consegue estabelecer significados em face do que lhe é exposto. É necessário, pois que faça referenciação ao contexto extralinguístico para que possa recobrar os sentidos manifestos pelo texto.
            Kleiman prosseguindo, expõe que os conhecimentos de mundo se organizam de duas formas definindo-se por conhecimentos de cunho estrutural e conhecimentos parciais.
            Primeiramente os conhecimentos estruturais, (“ordenados” KLEIMAN 1989 p.22) são relativos a instruções que anteriormente são adquiridas, e que se encontram imersas em nosso dia a dia (“adquiridas informalmente” KLEIMAN 1989 p.22) através da interação. São exemplos “ir ao médico, comer em um restaurante, assistir uma aula” (KLEIMAN 1989 p22)
            E, por conseguinte os conhecimentos parciais “esquemas que possuímos na memória, relativo a assuntos, situações e eventos típicos de nossa cultura” (KLEIMAN 1989 p23), delimita expectativas sobre a ordem dos acontecimentos, visto que é algo típico de uma determinada situação. A autora vale-se de um exemplo de um trecho de uma fábula relativo à “caçada de veados”, fazendo inferências a elementos presentes nessa relação, como cães e caçadores. (conhecimento implícito).
            Visto a necessidade dos conhecimentos prévios para a compreensão textual, é necessário que no momento de leitura, o leitor deva recorrer a esses tipos de conhecimentos e também a pistas que são deixadas ao longo deste para que seja lhe atribuído um significado. Não basta apenas ler o texto, mas compreendê-lo e utilizar-se desses conhecimentos para a vida efetiva.

9 comentários:

  1. li esteseu artigo, e gostei bastante para a apresentação do meu trabalho, parabens.

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  2. Olá! Fiquei feliz em ter ajudado! Um abraço Vanessa

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  3. gostei de mais o conhecimento e tudo que precisamos saber

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  4. OTimoooo.Parabens!Pareceu minha professora de Lingua Portuguesa Instrumental falando!

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  5. Interessante, me auxiliou nos estudos que estou realizando para o concurso de PEB II.

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  6. Interessante seu artigo, fiz uma esclente fila e um belissimo plagio para minha universidade... KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKk

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    1. Isso se chama falta de vergonha na cara! Algo que me faz refletir sobre a espécie de profissionais que estão sendo formados em nossas universidades... Profissionais sem ética, sem respeito pelo próximo. Tenho certeza que vais ser como tantos outros professores que já tive, um ignorante, inculto que só vai querer dinheiro às custas dos pobres alunos. Lamentável...

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  7. Muito bom o seu texto! Pena que o publicou em um blog, pois o mesmo perde a sua validade como texto autêntico vindo a ser plagiado, como o exemplificado no comentário acima. Prática no mínimo lamentável, em minha opinião, pois quem faz tal ato demonstra não só um desvirtuamento em seu caráter como também preguiça mental.

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